Depois de alguns dias do término do ATP Finals em Turim, na Itália, fiquei refletindo sobre 2021 e a performance de vários jogadores ao longo do ano.
Na live da última segunda-feira no Instagram, onde juntamente com meu parceirão Vinicius Araujo, comentamos sobre os últimos torneios do ano, aliás, recomendo que assistam, pois chegamos a vários insights interessantes num papo descontraído e interativo com nossos queridos seguidores. Comentamos sobre o jogador que mais evoluiu no ano que sem dúvida alguma foi Alexander Zverev. Há uns 4 anos, mais ou menos, estamos acompanhando os resultados dele e tenho publicado mais de 300 matérias sobre o circuito.
Várias delas dedicadas ao alemão, que sempre me impressionou pela qualidade de seu jogo e em minha opinião, já poderia estar na primeira posição do ranking. Eu consigo ver o potencial na primeira vez que vejo um jogador, mas o desenvolvimento desse jogador passa por inúmeros fatores internos e externos da quadra.
As vertentes são tantas que ficamos realmente na torcida e alegres quando percebemos que determinado talento começa a provar-se com o tempo. As variáveis são inúmeras para que reais talentos possam desviar-se do caminho da glória e consagração. Nós, como analistas, a única coisa que nos resta é torcer muito para que o talento aflore e o espetáculo de um novo ícone se consolide.
Alexander zverev beats daniil medvedev 6-4 6-4 in the final of the nitto atp finals #zverev #champion #NittoATPFinals ( Getty ) pic.twitter.com/ZClsVhCnk0
— Phil (@tennis_phil) November 21, 2021
Desde a primeira vez que assisti Zverev jogar, fiquei extremamente impressionado e concordava plenamente com a opinião de lendas como Federer, que afirmavam que o alemão chegaria ao primeiro lugar da ATP. Ao longo desse tempo, Sascha passou por inúmeras provas, principalmente mentais e emocionais, onde travou e certamente continua a trabalhar nesse aspecto, onde foi do céu ao inferno e vice-versa, inúmeras vezes.
O ápice do inferno penso que foi a derrota para Thiem, na final do US Open, onde o alemão simplesmente travou nas quatro rodas e praticamente entregou uma final dada contra um Thiem que apresentou um tênis muito abaixo do seu potencial e também se questionou muito sobre o título conquistado. Mas isso é assunto para outra matéria rs.
Ao longo de 2021, vimos um Zverev confiando cada vez mais no seu jogo. Certamente vinha trabalhando nesse aspecto e pudemos acompanhar uma mudança significativa, principalmente no segundo semestre. Constantemente apontava para a necessidade da evolução do seu saque, onde o toss do seu primeiro saque não estava adequado, e a falta de constância e aproveitamento do primeiro saque não acontecia, imperdoável para um jogador da estatura do alemão.
Também seu forehand não machucava como deveria. Sempre apontei que a característica predominante do seu forehand, deveria ser a agressividade indo muito mais para a bola, atacando. Sascha na época das vacas magras da
confiança, ficava 2 passos atrás da linha de base trocando bolas sem a potência adequada, inclusive batendo forehands que mal passavam da rede, dando total poder de iniciativa aos seus oponentes.
Observem que mesmo na época que não colocava na mesa todo seu arsenal, continuava a figurar no Top 10. Incrível… Hoje, Sascha está uma maquina de jogar tênis, praticamente o tenista ideal.

Impressionante o que faz sacando por exemplo, contra um Djokovic que tem a melhor resposta de saque do mundo e talvez de todos os tempos e contra Medvedev. Esses jogadores levaram inúmeros aces e muitas vezes conseguiam tocar na bola na resposta, mas sem nenhuma efetividade, deixando a bola no ponto para o ataque na segunda bola por Zverev.
No jogo de fundo, Sascha machuca muito com potência incrível de ambos os lados, indo bastante para a bola com seu forehand, mudando de direção nas ocasiões adequadas e muitas vezes acabando em bolas ganhadoras e indefensáveis. O lado de alimentar positivamente sua própria confiança vem acontecendo constantemente e
sendo um grande diferencial.
O grande teste na minha opinião será ano que vem, onde o alemão tem tudo para conquistar seu primeiro Grand Slam. A maturidade que vem apresentando e o reconhecimento sólido de suas qualidades, apontam e asseguram a Sascha a real personalidade do seu tênis e o caminho a ser seguido para as grandes vitórias em melhor de 5 sets. A capacidade de enxergar os momentos de uma partida de 5 sets, onde o jogador sabe e percebe como dosar intensidade, estratégia, energias despendidas na medida, farão a diferença nas grandes conquistas.
Sascha Zverev, na minha opinião, está pronto e completo para a missão.
E a nós, treinadores e analistas, só nos resta torcer.
Até a próxima, abraços.