As vitórias e derrotas passam, mas as histórias ficam

Para descontrair um pouco nesse momento tão complicado

Confesso que estava meio pensativo se escreveria essa coluna ou não. Com toda essa loucura que está acontecendo no momento e incertezas que pairam a respeito desse vírus que está batendo forte no mundo e toda essa guerra política que paira em nosso país, estava um pouco desanimado.

Mas tudo passa e o mundo continua girando.

Hoje vou escrever sobre uma história, que lembro com alegria e quando relembro com meus irmãos, damos muitas risadas. Nós 3, Ale, Jaime e eu, estávamos na Europa jogando o circuito profissional. Ale e Jaime num canto e eu em outro. Falávamos por telefone e combinamos de nos encontrar no torneio de Estoril em Portugal.

Perto da data, estranhei pois os telefonemas se tornavam bem frequentes, com os 2 me apressando para que fosse ao encontro deles.

O Jaime estava em início de carreira já apresentando resultados que indicavam que teria uma carreira Top. Ale no início também. Quanto a mim, voltando ao circuito depois de 2 anos de lesões e falta de dinheiro, tentando ganhar ritmo e confiança novamente.

Já há algum tempo na Europa antes deles, me encontrava em situação financeira razoável com algum dinheiro. O meu calendário a esse ponto se resumia a participar do torneio de Estoril e seguir para um torneio do ranking francês, onde os prêmios eram muito bons, onde vários jogadores profissionais da ATP, em semanas livres jogavam para fazer caixa e voltar aos grandes torneios depois. Após o torneio francês, iria para Munique, Alemanha, assinar um contrato com um clube, representando o mesmo na liga alemã de interclubes, onde pagavam um excelente prêmio.

Voltando aos meus irmãos, cheguei em Estoril e fui ao hotel que estavam hospedados. Quando abriram a porta do quarto (uma verdadeira espelunca, rsss), os dois deitados na cama, com goteiras para todo lado, lendo cartas que minha namorada na época, super romântica me escrevia. Logicamente queria matar os dois. Me abraçaram super felizes por me encontrar, pois o dinheiro deles havia acabado e já não tinham nem para comer. Agora sim fazia sentido a saudades que estavam de mim e a pressa para que eu os encontrasse, rs.

Bem, passou a semana onde perdemos os 3 no qualifying do torneio, Ale e eu conseguimos entrar em duplas e fazer algum dinheiro. Jaime voltaria ao Brasil e Ale seguiria comigo para o torneio francês onde estava inscrito, mas precisaria chegar antes de mim, para seu primeiro jogo. Era um sábado, Ale e eu tínhamos um cheque na mão e muita pressa para chegar à França. Iriamos de trem ate a cidade francesa, com o trem passaria por Madri, Espanha. Pedimos ao diretor do torneio para que nos desse o prêmio em dinheiro, pois minhas reservas haviam acabado com as despesas dos 3 na semana. O diretor disse que não conseguiria nos dar em dinheiro e recomendou, para que não perdêssemos tempo e parássemos em Madri, onde facilmente descontaríamos o cheque em qualquer banco, na segunda feira. Partimos para Madri.

Resumo dessa parte. Não conseguimos descontar o cheque em Madri, dormimos 3 dias numa espelunca horrível, tomando café da manhã e almoçando tarde no Mcdonalds 1 hamburguer cada um e tomando muita água com gás para encher a barriga, pois não tínhamos dinheiro suficiente para o jantar. Passamos assim 3 dias, até que um amigo do diretor do torneio em Madri, trocou nosso cheque.

Segue a viagem, rs! Ale Já havia perdido a data e sobraria para eu jogar o torneio e ganhar algum dinheiro para seguirmos até Munique, onde eu assinaria com o clube. 

Chegamos de madrugada na França, eu jogaria meu primeiro jogo às 8:30 da manhã, sem dormir direito, comer direito e sem treinar. Com nosso caixa em 200 dólares, olhei para o Ale, lhe dei algumas raquetes Fisher que eu havia ganhado para experimentar e lhe disse: Venda isso de qualquer jeito, pois não sei o que vai acontecer na quadra.

O torneio era em quadras rápidas e meu primeiro adversário era um inglês que entrou com tudo. Eu havia perdido o primeiro set, olhava para o Ale branco com as raquetes na mão torcendo como nunca na arquibancada. Eu perdia 1 set abaixo e o segundo set por 1/3, quando coloquei na cabeça que não perderia de jeito nenhum, principalmente passando por tudo que passamos e estar na quadra naquele momento. Coloquei na cabeça que a responsabilidade estava em minhas mãos. Não sei de onde tirei forças naquele momento, talvez tenha ficado assustado de ver a cara do Ale, rs!

Resumindo um pouquinho, venci aquele jogo no terceiro set, venci mais 3 jogos e ganhei o torneio. De um caixa de 200 dólares, passamos para 5700 dólares. Pegamos um trem bala até Paris, onde pegaríamos um avião para Munique no dia seguinte. Na chegada em Paris na Gare du Nórd., falei para o Ale que escolhesse o hotel pois passaríamos bem a noite. Ale escolheu um 4 estrelas e jantamos como nunca.

Finalmente, seguimos para Munique, onde passamos uma semana de reis, com os diretores do clube nos levando aos melhores restaurantes da cidade e bares famosos sendo extremamente hospitaleiros conosco. Olhei para o Ale e falei em português: Cara, quem te viu e quem te vê, esses caras não têm noção o que passamos na última semana. Rimos muito e continuamos a beber nossa Weiss Bier, que se tornou minha cerveja favorita daí em diante.

Pessoal escrevi essa passagem, para descontrair um pouco, pois estamos atravessando dias duros e difíceis. Mas, uma coisa é certa: Tudo passa e logo estaremos bem se Deus quiser!

Recebam um grande abraço meu em seus corações e até breve! 😀

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