Alcaraz, Sinner, Rune, Shelton e Fils
Logicamente, todo meu respeito ao atual número 1 do mundo e lenda viva Novak Djokovic. Certamente ele está no auge de sua carreira e ainda muita lenha para queimar. Djoko baterá todos os recordes e será considerado o melhor jogador de todos os tempos, falando em números e recordes.
Mas hoje não quero entrar nessa seara e sim comentar sobre o que vejo desses jovens fantásticos que mencionei acima. Se observarem os jogadores que mencionei, alguns tem rankings aproximados e outros bem distantes. O que eles tem em comum é a idade aproximada. Muito jovens e com características similares de jogo. Todos estão em franca construção e evolução, alguns mais rapidamente atingindo resultados incríveis, ex: Alcaraz, e outros a caminho de seus objetivos.
Carlos Alcaraz

Incrivelmente atlético, biotipo perfeito do tenista. Força, explosão, flexibilidade, completo. Golpes super potentes de fundo de quadra, com seu big forehand, capaz de fazer estrago de qualquer lugar da quadra. A movimentação é fantástica, principalmente, desferindo seus golpes e sempre procurando se antecipar, buscando ficar mais perto da linha de base, vislumbrando oportunidades de mais penetração, buscando as bolas ganhadoras (forehand inside out, grande arma) ou apertando seus adversários para que surja oportunidade de atacar, também realizando bolas ganhadoras muitas vezes do mesmo lado da troca, acelerando o golpe incrivelmente e mais angulado, deixando seu adversário parado.
Potentes saques (em minha opinião, precisa melhorar seu percentual de primeiros saques), ambos, primeiro e segundo saques profundos e com ótima variação. As subidas à rede são sempre atrás de ótimos approachs e excelente voleador. Drop Shots precisos, em momentos perfeitos com ambos os golpes, escondendo até o último momento.
Gosta de resolver muitos de seus problemas com sua potência e algumas vezes se precipita ao invés de talvez trabalhar um pouco melhor o ponto. Contra um Djokovic, talvez lhe custe o jogo, mas penso que evoluirá cada vez mais com maturidade. Tem como seu técnico, o ex-número 1 do mundo Juan Carlos Ferrero, onde segue cegamente suas instruções e enorme respeito.
Jannik Sinner

Jogo super potente, talvez o jogador que tenha mais potência nas trocas de bola, em ambos os lados. Antes, em muitos jogos, perdia pelo excesso. Agora, mais maduro, já está balanceando melhor os momentos de trocar bolas e o melhor momento para desferir seus tiros indefensáveis.
Vem mostrando muito mais construção em seus pontos e jogando melhor os pontos decisivos. O saque vem evoluindo muito, com muito mais acertos no seu primeiro saque, principalmente. Evoluiu na cadência do movimento, lançamento mais alto, aproveitando melhor sua estatura e ângulos na quadra. O saque está ajudando muito para o comando do ponto na segunda bola (logo após resposta de saque pelo oponente), onde geralmente procura seu forehand para atacar.
Melhorou suas subidas à rede, mas ainda muito espaço para evoluir na movimentação e mão nos voleios. Movimentação muito boa, mas me dá impressão algumas vezes, cair seu rendimento físico, perdendo intensidade e abrindo janelas a seus adversários. Precisa evoluir na resiliência, quando o jogo aperta, muitas vezes perdendo pontos por querer mudar de direção apressadamente, principalmente buscando as paralelas.
Jannik é muito trabalhador, penso que tem uma boa equipe agora, seu treinador o experiente Darren Cahill, que já treinou vários tops. Para mim Sinner brigará em breve pela primeira posição junto a Alcaraz.
Holger Rune

Mais um com características similares aos dois acima, com um diferencial no quesito rapidez de braço. Holger tem um braço extremamente rápido, reflexos afiadíssimos e um dos únicos que tem a habilidade de devolver bolas rapidíssimas que recebe de tiros em cima da linha. Como Roger Federer, um dos únicos que consegue rebater na mesma velocidade que recebe e desferir a bola onde quer, muitas vezes surpreendendo seus adversários.
Podemos ver claramente esse detalhe, na final do Master 1000 de Paris, no jogo que bateu Novak Djokovic na final. Djoko respondia tiros contra Holger e isso não o incomodava. Também vale ressaltar, sua excelente resposta de saque, onde consegue entrar dentro da quadra e pressionar seus adversários. Na mesma final contra Djoko, foi um dos pontos altos que incomodou demais o sérvio.
Tem ótimo saque e trabalha muito bem a segunda bola. Vem à rede atrás de potentes golpes e também realiza o saque e voleio, surpreendendo seus adversários com ótimos voleios. Como Alcaraz, usa com maestria seus drop shots.
Seu treinador é o mesmo há muito tempo, Lars Christensen, e tem o suporte do francês Patrick Mouratoglou, onde treina diversas vezes em suas pré-temporadas. Um fato, talvez o mais importante, é sua autoconfiança. Holger Rune, desde pequeno, entra na quadra e em seu mental, pensa que pode ganhar de qualquer jogador do outro lado da rede.
Ben Shelton

Devem achar estranho eu ter colocado Ben Shelton nessa lista, né? Rss
O rapaz de 20 anos de idade vindo do tenis universitário nos EUA, conseguiu se meter entre os 100 primeiros jogadores da ATP, jogando somente torneios na América. Saiu pela primeira vez fora do país para jogar um Grand Slam na Austrália, e chegou às quartas de final surpreendendo o mundo do tênis.
Ben é filho de Bryan Shelton, ex-profissional do circuito, que certamente o ajudou nos atalhos de maturidade. Canhoto, um baita saque, super potente, excelente forehand, de fazer buraco na quadra, e um backhand muito sólido e agressivo do fundo de quadra.
Voleador nato, penso que poderia aproveitar muito mais a rede. Nas trocas de bola, fica um pouco atrás da linha de base, dando oportunidades para que seu adversários antecipem seus potentes golpes e o faça correr, criando oportunidades. Perdeu o jogo das quartas no AO contra Tommy Paul nesse detalhe.
Shelton confia muito no seu taco e tem um gigante espaço para evoluir. Certamente iremos encontra-lo no Top 30 muito em breve. Tem somente 20 anos de idade.
Arthur Fils

Garoto francês de apenas 18 anos, recém saído do juvenil e logo já vai quebrar a barreira dos 100 primeiros colocados no ranking.
Extremamente talentoso, tem um feeling da bola inigualável. Consegue gerar muita potência com pouco esforço. Golpes rapidíssimo, machuca demais do fundo de quadra. Ambos os lados fantásticos, onde tanto na profundidade, ângulos e mudança de direção.
Tem uma mão incrível, faz o que quer com a bola, refletindo em drop shots perfeitos e voleios precisos. Saque com mecânica perfeita, usando todas as alavancas com precisão, tem alto índice de primeiros saques. Maturidade, visão de quadra e observância dos momentos importantes são fora da curva para seus tenros 18 anos.
Certamente estará entre os melhores do mundo até o final de 2023 ou início 2024. Única coisa que fico um pouco em dúvida é que os jogadores franceses são sempre muito talentosos, mas nem sempre os mais disciplinados e constantes. Pelo que vi, não é o caso de Fils, que demonstrou regularidade em sua atitude durante longos períodos.
Fica aqui minha análise desses super talentos e vamos acompanhando o desenrolar de suas carreiras.
Abraços e até a próxima!