A importância da utilização correta das referências no tênis

Há uns dois dias um aluno me fez a seguinte pergunta:

– Edu, se irei jogar contra o número 1 da minha categoria, melhor ir jogar sem saber disso né? Rs.

Daí perguntei qual a razão dele não querer saber desse detalhe e ele me respondeu que iria jogar mais tranquilo assim, não sentindo a pressão de ter que enfrentar o cara que é o numero 1 do momento.

Retruquei com outra pergunta:

– Mas me diga uma coisa? Ele sempre foi número 1, ou teve que ir galgando postos, absorvendo situações, aprendendo com derrotas, vitórias, analisando o que poderia evoluir, antes de chegar a esse posto? Será que não seria interessante exatamente o contrário? Você saber a situação do seu adversário e saber lidar com isso? Perceber o que passa na sua cabeça e emocional, ver o que acontece e ter um parâmetro, uma referência para trabalhar em cima?

Citei esse pequeno diálogo, que realmente aconteceu, pois podemos observar no circuito profissional que isso acontece permanentemente em muitos níveis da escalada.

Sempre gostei de ser muito profissional em tudo que me dispus a fazer na minha vida. E consigo reconhecer os que possuem as mesmas características. Não gosto do mais ou menos, para mim é muito branco no preto, pagar o preço com seu melhor. Esse pagar o preço não é uma linha reta, ele tem muito erros, acertos, derrotas, vitórias e muitos ajustes.

Mas o mais importante é não desistir e ir até as últimas consequências realmente esgotando as possibilidades. Muitas pessoas desistem sem perceber, que talvez a possibilidade da conquista, estaria logo virando a esquina.

Gosto muito de comentar situações reais, e no momento uma menina está conquistando seu espaço utilizando constantemente grandes referências que obteve a seu favor.

Lesões, cirurgias, problemas judiciais injustos, punições dentre uma série de dificuldades e obstáculos. Logicamente não é fácil e certamente teve e tem o apoio de várias pessoas importantes e que são referência em sua vida.

A família é a principal apoiadora nos momentos difíceis certamente. E não falo somente no caso específico dela, mas de vários outros tenistas que superaram obstáculos.

A capacidade de transformar situações duras na vida e transformá-las em referências para realizações, fazem parte de grande força interna e amadurecimento emocional.

Esse amadurecimento faz com que outras situações que se apresentem como obstáculos, sejam metabolizadas e resolvidas de forma positiva muito mais rapidamente. O entendimento fica mais claro rápido, seguro e confiante de uma possível conquista.

A menina que não conheço pessoalmente ainda, mas venho acompanhando seu caminho, e a qual me refiro acima é a Beatriz Haddad Maia.

Observando ultimamente a intensidade que vem seguindo seu caminho, nesse novo mundo da elite do tênis, onde logo estará no Top 20 e na minha opinião entrará entre as 10 do mundo, vemos sua história conspirar a seu favor.

Podemos observar sua adaptabilidade a esse novo clima de grandes vitórias contra grandes jogadoras e Bia demonstrar cada vez mais a consciência de sua capacidade e qualidades.

Vejo um trabalho consciente com objetivos claros aparentemente, sem grandes exaltações nas vitórias, com o referencial certo quando das quedas sendo transformados em material de análise e ajustes.

Vejo jovens treinadores em seu staff, que seguram suas alegrias internamente e alimentam suas esperanças, como um cofre de energia ganhando força e sendo direcionado à sua obra de arte e realizações canalizadas de forma ponderada e eficiente.

É pessoal, estamos presenciando a história que uma menina está construindo com sua vontade e amor pelo esporte que demonstra ser a sua alegria de viver, e isso é bonito de se ver.

Bia, te desejo muita sorte e que várias jogadoras e jogadores se inspirem e te usem como referência em suas próprias histórias.

Na torcida e vamos acompanhando.

Até a próxima, abraços.

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