O ser humano Novak Djokovic

Foto: Reprodução Twitter/ATP

Uma nova e inusitada situação desponta na vida dessa lenda viva das quadras, Novak Djokovic.

Acostumado a estar sempre com as atenções divididas entre seus arquirrivais Roger Federer e Rafael Nadal, onde juntos somam 60 Grand Slams conquistados, eis que se encontra totalmente debaixo de todos os holofotes e atenções.

O mundo se volta reparando em todos os detalhes desse monstro como jogador e muralha mental, Djoko. Uma atenção, reconhecimento tão carente, buscado constantemente em suas atitudes, enviando ao mundo a imagem que, sim, Djokovic é um cara legal.

O astro sérvio iniciou o US OPEN 2021 com declarações onde afirmava que esse seria seu 21º Grand Slam, que daria seu físico, mental e sua alma na conquista desse último Major do ano. Djoko completaria o Grand Slam, vencendo os 4 maiores torneios do mundo (Australian Open, Roland Garros, Wimbledon e US Open), no mesmo ano.

Poderia até ter vencido o Golden Slam, caso tivesse conquistado a medalha de ouro nas Olimpíadas. Nole passeou na Vila Olímpica como um dos maiores e melhores atletas da elite mundial dos esportes, socializando com todo o mundo esportivo e exalando confiança em sua missão.

O que aconteceu na Olimpíada, todos sabemos. Novak perdeu para um fortíssimo e confiante Zverev nas semis e destruiu suas raquetes na disputa da medalha de bronze contra Carreno Busta. Feito não suficiente, desistiu da disputa de bronze nas duplas mistas, deixando sua parceira chateada e sem medalha, alegando lesão no ombro.

O tenista de Belgrado sentiu a pressão e a responsabilidade de levar a medalha, colocando-se numa panela de pressão desnecessária.

Será que seus arquirrivais fariam diferente? Analisando o perfil de Federer e Nadal, qual atitude tomariam no lugar dele? Será que ficariam andando por aí socializando ou estariam focados e concentrados talvez buscando uma privacidade totalmente compreensível, num evento tão importante, que acontece no mundo a cada 4 anos?

Infelizmente, somente podemos especular.

Bem, o que está feito são águas passadas e a lição aprendida. Será?

Nole sumiu do mapa, tirou férias, passeando com sua amada, tempo importantíssimo e relevante, dando atenção à sua família e renovando as energias.

Aí veio o US Open e o desafio de realizar o feito histórico dos 4 GS no mesmo ano.

Djoko treina muito bem. Demonstra estar em plena forma e impressionando a todos. Também demonstra ser uma máquina de trucidar pernas e almas tenísticas. Várias pessoas da imprensa teceram comentários a respeito. Nole afirmou em suas entrevistas que seria o 21º indiscutivelmente. As atenções estavam nos jogos e performance do sérvio.

Nas primeiras rodadas, cismou de perder o primeiro set, passando até a impressão que perdia de propósito, como se fosse superstição, para depois acabar com seus adversários.

Os olhos estavam voltados para as semifinais onde jogaria contra Sascha Zverev, recém campeão olímpico e vencedor contra Nole em seu último encontro.

Neste jogo, Djoko abriu diversas oportunidades a Zverev, e o alemão, reclamando como um bebê, enfraquece seu mental e desperdiça oportunidades. O sérvio calado, transpassando controle da situação, quebrou o saque do alemão logo no início do quinto set e seguiu para a vitória.

Novak Djokovic ficou a um passo de seu maior objetivo, mas ainda tinha o russo Danill Medvedev pela frente, que vinha como uma máquina de ganhar jogos em quadras duras, seu piso favorito. Inclusive Daniil é o jogador que mais acumula vitórias em quadras duras nas últimas duas temporadas.

Claramente o sérvio sentiu a pressão novamente imposta por ele mesmo. Logo no início do jogo, saiu de sua zona de conforto, sacando e voleando e fazendo aproachs apressados buscando a rede. Djokovic jogou contra seu espelho, só que russo e com melhor saque.

Medvedev aguentava tranquilamente as trocas de bola no fundo e atacava ferozmente quando a oportunidade aparecia.

Nole sentiu os nervos, e a pressão imobilizando suas pernas. Não conseguia achar uma saída.

O público gritava em altos brandos pelo nome de NOLE, que ameaçou voltar de 2/5 no terceiro set, depois de ter perdido os outros 2 sets por 6/4  e ter quebrado a raquete novamente em um momento de fúria após dar um ‘taco’ na devolução.

Na luta pela reação, vimos Djoko lacrimejar durante um game. 

Todo mundo está torcendo para mim??? O que fazer com tudo isso?????

A imagem passava a mensagem claramente.

Na virada 4/5, Djoko sorriu, levantou o punho, colocou a mão no coração e desabou num choro encoberto por uma toalha. Sinceramente, até eu me emocionei e vi um ser humano de carne e osso, deixar transparecer suas emoções.

Emoções misturadas entre decepção, alegria, sufoco e alívio. 

Medvedev fechou o jogo e conquistou seu primeiro Grand Slam merecidamente.

Tenho convicção que Nole deixará a poeira assentar, reunirá sua equipe, colocará suas prioridades em ordem e seguirá em frente. Penso que deve voltar às suas raízes, onde o momento presente é o mais importante sempre.

O foco no pensar ponto por ponto, tem que ser priorizado e o resultado virá como consequência. Amenizar as expectativas é crucial e tenho certeza que essa ficha caiu para o Djokovic.

Podemos esperar muito ainda desse sérvio fantástico que cria ao mesmo tempo seu céu e inferno. A capacidade mental e força emocional de Nole são gigantes.

Penso que no curto prazo esse circuito novo e desafiador, servirá de estímulo para ele. Novak Djokovic, demonstrou seu lado humano neste último Major do ano, ganhando o respeito e maior número de fãs certamente.

Estou na expectativa dos próximos capítulos dessa história que ainda está sendo escrita.

Mas, e agora Novak Djokovic?

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