Apesar do experiente chileno Garin ter vencido com todos os méritos o torneio Rio Open, o jogador que mais me chamou atenção foi o italiano Gianluca Mager.
Fiquei muito impressionado com a soltura e tranquilidade mental desse jogador. Penso que sua visão e atitudes relativas ao jogo, logicamente precisão amadurecer, mas está no caminho certo para as grandes vitorias.
A maior dificuldade de um jogador no circuito profissional é performar conseguindo demonstrar todo o potencial. Existem uma série de fatores implícitos: administrar a pressão, tranquilidade de estar frente a um grande público, momentos decisivos em um jogo, observação de mudanças estratégicas e outros, que vem com o tempo e amadurecimento.
O amadurecimento e consciência vem totalmente atrelados ao sentimento solido, confiante e tranquilo das diferentes situações de um jogo. Seria como estar num jogo de cartas e saber qual carta jogar em determinado momento, mas não significa necessariamente que você ganhará o jogo, pois seu adversário poderá ter uma carta melhor que a sua, rssss.
Certamente o mais difícil é soltar-se e jogar à vontade, na linguagem popular, bater na bola sem medo de ser feliz.
O jogador italiano, longe de ter um físico que chame atenção, bate com tamanha soltura e desenvoltura de dar inveja a vários outros jogadores, mais bem posicionados no circuito que ele.
Mager demonstra uma explosão de braço e uma aptidão decisória que impressionam. Bate até demais em alguns momentos. Sentiu a virilha na final e talvez por isso tenha arriscado e encurtado mais ainda os pontos.
Na realidade o jogo que mais me impressionou foi contra Thiem. Nesse jogo especificamente, foi um monstro e principalmente nas horas importantes soltou o braço quando precisou.
Podemos observar entre os gigantes naqueles jogos inesquecíveis, que a regularidade com intensidade e foco incríveis são o diferencial. O jogador para chegar naquele estado mental, passa por fatores onde a cabeça entende o que fazer e principalmente o sentimento em relação àquela intensidade se estabelece de forma solida, calma interior, mas determinante nos pontos.
As decisões do que fazer em pontos intensos acontecem até certo ponto de forma automática, onde um pequeno sentimento, pensamento negativo ou incerteza em relação ao que se está fazendo na batida, muitas vezes interferem nos poucos erros que são cometidos. Esses erros podem custar muito caro num jogo de altíssimo nível, as vezes acarretando derrotas.
A luta é em permanecer nesse estado durante um tempo prolongado e intenso, mas tranquilo e consciente. É um transcender ao tempo e estar totalmente presente ao que se está fazendo.
Vemos nos seus melhores dias, Federer, Nadal e hoje principalmente Novak Djokovic.
Vejo muito essa consciência em Djokovic.
Podemos observar, que quando joga contra Federer ou Nadal, onde todos torcem contra o sérvio, Djoko se fecha mentalmente e fica presente em seu mundo e no que tem que fazer. Penso que essa rejeição que o público tem contra ele, quando enfrenta um dos 2 jogadores em especial, tenha sido sua grande ferramenta para o desenvolvimento dessa aptidão. Contra outros jogadores, que não exigem tanto do sérvio, fica bem mais explícito, a fortaleza mental na qual se tornou.
Voltando ao italiano Mager, vejo com bons olhos sua evolução, e no caminho para aliar toda essa soltura, com um amadurecimento na consciência do que tem de ser feito cada vez mais.
Vamos ficar de olho nele, penso que vale a pena.
Abraços e até a próxima.