Rafael Nadal, de todos os jogadores, é o que mais me surpreende na competitividade. É aquele cara que nunca se acomoda no que faz e realmente ama a competição e o tênis. Já imaginava que depois de 3 derrotas seguidas em torneios de saibro, o que para ele é um descalabro, inconcebível, imagino como sua cabeça deve ter esquentado no travesseiro durante a noite, nestas 3 semanas que antecederam o Aberto de Roma. Certamente ficou treinando e pensando junto com seu time, uma maneira de melhorar e superar o que estava acontecendo.
Antes de Roma não estava conseguindo performar no seu melhor nível, ou pior, estava tentando e não conseguia impor seu jogo nas trocas de bola. Jogadores como Dominic Thiem e Stefanos Tsitsipas fizeram a leitura nestas semanas de que Rafa deixava bolas curtas quando acuado, na tentativa de manter trocas mais longas e aproveitaram as oportunidades, ficando mais em cima da linha e atacando.
Pois bem, comentei na coluna anterior que minha visão a respeito do que o espanhol deveria fazer, seria tomar uma atitude muito mais agressiva, pois tem bola e físico para isso. Teria que ir mais para a bola e tomar a iniciativa, arriscando mais, ou seja, subir seu nível de jogo. Incrível como jogou Roma. A fúria do touro voltou com tudo. Determinado desde o primeiro jogo, cara de poucos amigos, jogou agressivo aproveitando a primeira oportunidade que abria espaços, depois de trabalhar brevemente a quadra, desferiu winners, não só de forehands como de backhands.
O jogo que mais gostei foi contra Tsitsipas, que entrou na quadra carregado de confiança, pensando que repetiria o resultado anterior. Nadal entrou determinado a não deixar o grego mandar no escritório. Impôs ritmo alucinante, movimentando o grego de um lado a outro desferindo winners nas paralelas dos dois lados. Subiu a rede com perfeição para matar os voleios, depois dos approaches quase matadores. Neutralizou várias vezes o ataque de Tsitsipas em seu backhand com bolas altas na paralela, para em seguida buscar seu fulminante forehand inside out. Estava com sangue nos olhos o tempo inteiro, como numa tourada onde não iria deixar-se matar.

Mostrou estratégia perfeita que foi imposta desde o princípio, com o grego sentindo a pressão e demonstrando que não estava muito a fim de pensar naquele dia. Talvez algo que Tsitsipas tenha que avaliar e trabalhar nesse exato momento, para que seu caminho a permanência no topo seja cada vez mais consolidada.
Fiquei triste com o Mestre dos Magos Roger Federer, desistindo do torneio sentindo a perna. Estava tendo dificuldades em escorregar no saibro no jogo contra Coric, onde venceu no terceiro set, depois de salvar 2 match points. Ótimo que esteja se cuidando para Roland Garros. Penso que infelizmente não irá tão longe no Aberto francês. Torço para que eu esteja errado e que ele surpreenda.
Mas voltando ao Rei do saibro, a final contra Djokovic começou devastadora. Nadal assassinou o sérvio no primeiro set, 6/0, não permitindo que Djoko batesse 2 bolas seguidas do mesmo lado o set inteiro. Foram winners de ambos os lados, pegando Nole de surpresa. O sérvio certamente esperava que Rafa começasse como sempre, nas trocas de bola estudando mais o jogo, o que não aconteceu.
O Touro foi a confiança em pessoa a semana toda. Estava determinado em subir seu nível e agressividade. No segundo set, Djoko encontrou um caminho usando com sabedoria os drop shots e respostas de saque incríveis. Venceu, mas não convenceu o segundo set por 6/4. No terceiro set os mesmos drop shots que o ajudaram no segundo set, tornaram-se um problema para o sérvio, onde se atrapalhava quando sobrava a bola, na dúvida se deveria dar um drop ou atacar. Sorte do Touro Miúra que aproveitou a oportunidade e saiu quebrando logo de cara, administrando a vantagem até o final com a vitória.
Gigante Rafael Nadal, chegará em Roland Garros lotado de confiança, conhecendo o caminho para a vitória de seu torneio favorito melhor que qualquer outro. Detalhe; ganhar de Nadal em 5 sets no saibro, certamente será um pesadelo para qualquer um.
Ameaças sempre de Thiem e Tsitsipas, que estão se aproximando cada vez mais, de morder um Grand Slam.
Mas por enquanto, VIVA O REI DO SAIBRO!