Muito se fala em pressão, ansiedade nas partidas, medo, amarelão etc. Todos os espectadores assíduos de tênis, já meio que percebem e até comentam que alguns jogadores têm alguma característica emocional marcante. Sem citar nomes de jogadores, vemos alguns com características meio que nos deixando com aquela expectativa em determinados momentos.
Alguns são extremamente corajosos, outros percebemos que amarelam em determinados momentos, outros que performam melhor sob pressão, outros se irritam e perdem o controle, outros ficam totalmente displicentes quando não estão muito afim do jogo e por aí vai. Sempre comento com meus alunos e amigos, que depois de um determinado nível técnico o que mais pesa é a parte de cabeça e principalmente o lado emocional.
Nos torneios grandes, principalmente nos Grand Slam, onde tem um grande número de jogadores, se você vai até a quadra de treinos ou clube de treinos( onde são reservadas quadras para os jogadores treinarem) e observa os jogadores treinando sem conhece-los muito, poderá observar que alguns treinando se parecem Top 10, mas seu ranking é 200, 250. E outros bem melhor ranqueados as vezes não impressionam tanto.
Dai você vai assisti-los jogar e entende o porquê. A diferença é total na parte de cabeça e emocional. O mais difícil é manter o equilíbrio mental e emocional alto durante um longo período para se ter sucesso no circuito.
O circuito não é feito de um torneio somente, como no caso das Olimpíadas que acontecem a cada 4 anos. No tênis a manutenção constante e performance acontecem a cada semana. A exigência é absurdamente maior. O jogador profissional tem que estar nos cascos a cada nova semana. Por isso, sempre foi muito importante o trabalho mental e emocional. A capacidade de alterar o referencial positivamente, transformando em crescimento todas as experiências semana a semana é fundamental.
Temos que pensar que toda a semana, somente haverá um vencedor, o restante perderá em algum ponto do torneio. Como lidar com as derrotas? Hoje temos tanto assunto a respeito e vemos as vezes jogadores que se perdem no meio do caminho.
Um exemplo interessante recentemente foi o que aconteceu com Djokovic, que entrou numa vibe com um conselheiro zen paz e amor, e quase sua carreira foi para o brejo. Não que eu seja contra o zen, muito pelo contrário. Penso que todos os instrumentos para se conhecer melhor são importantes. Mas penso que temos sempre que ser pé no chão quanto ao tênis, que é um esporte extremamente competitivo. Voltou ao velho amigo e coach Marian Vajda e equipe resgatando seu melhor jogo novamente. Mas certamente a experiência anterior lhe acrescentou algo a mais, pois está bem mais sereno e resiliente.
Ter o aconselhamento de quem passou pela experiência do circuito sem duvida é importante. Gostei muito de saber por exemplo, que o Zverev contratou Ivan Lendl para ser seu treinador no US Open, certamente o ajudará muito no caminho das pedras numa possível conquista de um Grand Slam.
O lado de conhecer-se melhor e saber como lidar individualmente com as emoções, é crucial para alta performance. Cada jogador tem características próprias, forma de pensar e sentir. Importante para o jogador ter alguém que o ajude a criar ferramentas internas que lhe alterem as referencias positivamente para enfrentar o jogo e poder maximizar seu desenvolvimento durante uma partida.
Exemplos:
- Em primeiro lugar, jogar sempre pelo prazer de estar numa quadra.
- Entender que performar, jogar bem, será já um meio caminho para a vitória.
- Alterar a referencia dos momentos de decisão entendendo que é somente mais 1 ponto como outro qualquer, não carregando um cofre carregado de pensamentos improdutivos na cabeça.
- Transformar medo em foco e adrenalina positiva.
- Saber lidar com estar na frente no jogo.
- Assumir a responsabilidade do jogo e sentir-se forte interiormente com isso, sem subterfúgios exteriores para desculpas.
- Saber relaxar rapidamente entre os pontos, sem atropelar-se durante o final de um ponto e o inicio de outro.
- Aprender a fazer uma leitura emocional de seu adversário durante a partida.
- Aprender e ter a calma de observar possíveis mudanças de estratégia. Já vi jogadores de tão nervosos não observarem que estavam jogando com um canhoto, rs.
Sem esquecer de:
RESPIRAR, RESPIRAR, RESPIRAR.