A relevância dos pontos de transição no tênis atual

Particularmente, gosto muito de observar a evolução do nosso amado esporte na linha do tempo. Hoje, nos meus 57 anos, tive a sorte de ter participado do circuito profissional e ter convivido e assistido diversas feras que deixaram suas marcas e alguns inclusive, fizeram grande papel na evolução do tênis.

Posso afirmar que há uns 30 anos atras, tínhamos jogadores com diversas características diferentes e que se digladiavam com personalidades de jogo bem diferentes. Tinhamos os jogadores como os espanhóis e argentinos, por exemplo, onde a grande característica era ficar mais ao fundo da quadra em longas trocas de bola e especialistas nos passing shots.

Os americanos e australianos, outro exemplo, onde a característica principal eram as quadras rápidas e subidas constantes à rede. Mas isso foi passado. Nos dias de hoje, o jogador precisa ser cada vez mais completo e os pontos de transição, devem ser muito entendidos, observados e utilizados cada vez mais a perfeição.

O jogo está superagressivo e as oportunidades não podem ser desperdiçadas. Um ou dois pontos não aproveitados em oportunidades que se apresentem, podem custar o set e a partida diversas vezes. É só observarem os jogos como estão disputados em todas as rodadas.

Pontos de transição a serem muito observados:

1) Troca de bola mais funda onde o jogador se desloca a 2 ou 3 passos atrás da linha de base. Nesse caso, muito importante logo após desferir o golpe, buscar deslocar-se imediatamente mais perto da linha. O objetivo do adversário foi deslocar seu oponente para traz e buscar o comando do ponto. Quando o jogador busca deslocar-se mais perto da linha de base, depois de desferir um golpe mais de traz, está tirando o ângulo de seu adversario e buscando a oportunidade de comando do mesmo ponto. A grande disputa nesse caso é quem apressará quem, onde poderá haver uma possível mudança de direção, colocando pressão construindo possível conclusão de ponto.

Aqueles jogadores que se acomodam hoje em dia mais atrás somente buscando a troca, estão muito mais vulneráveis a deixar bolas mais curtas e possibilidades de serem muito mais atacados. Estar treinado em sua movimentação nesse ponto de transição é peça fundamental no sucesso dos grandes jogadores nos dias de hoje.

Exemplo no jogo da final de Monte Carlo, onde Fokina ficou mais atrás deixando Tsitsipas muito confortável para construir sua estratégia. Nos pouco momentos que o espanhol se movimentou mais adiante, complicou o grego, mas não foi o suficiente.

Tsitsipas em ação no Masters de Monte Carlo

2) Transição da batida mais em cima da linha ou approach shot, para ida à rede e primeiro voleio que poderá ser definitivo ou preparação para o segundo voleio ou smash: Essa transição é a sequência da anterior, onde o jogador conseguiu pressionar deslocando seu adversário e buscando a rede para a possível finalização do ponto. Nessa transição o timing da corrida e fechamento do ângulo casando-se com o approach é crucial para o sucesso. O atraso nessa transição, acarretará possível bate-pronto ou levar uma passada. O saber deslocar-se quando o adversário tira seus olhos do oponente e chegando com o fator surpresa para o voleio é uma possibilidade de enorme sucesso. Também o belo approach óbvio, bem executado, seguido de fechar a rede e ângulo, forçando o oponente a executar uma grande jogada, são peças fundamentais para o sucesso nessa transição.

Exemplo de Carlitos Alcaraz que executa incrivelmente bem essa transição, prevalecendo a que desloca seu adversário com potentes golpes, mudando a direção e dando a sequencia à rede. Carlitos tem enorme sucesso e praticamente vence todos os pontos nessa transição.

Alcaraz já conquistou 3 títulos esse ano (Rio, Miami e Barcelona)

3) Transição do primeiro voleio para o segundo voleio ou smash: Nessa transição a fração de segundo fará a diferença. Um excelente primeiro voleio, facilitará muito a vida na rede. Com tantos jogadores com incríveis golpes de base, essa transição se faz fundamental a quem vem à rede. Exemplo de dificuldade e que vem trabalhando muito nessa transição é o americano Opelka.

Muitas vezes, Reilly faz bem a transição da linha de base para o primeiro voleio, mas fica vendido para o segundo voleio muitas vezes, por não estar rápido o suficiente no deslocamento para o segundo voleio.

Exemplo de timing e deslocamento muito produtivo nessa transição é o Tsitsipas, que se desloca muito bem do primeiro voleio para o segundo voleio ou smash.

Meus caros, esse é um grande motivo entre outras qualidades do fenômeno Carlitos Alcaraz.

Vale muito a pena quando assistirem a Carlitos, como ele faz TODAS essas transições incrivelmente bem. Além de ser um gigante como atleta, a coordenação, rapidez e timing correto para as transições, levará Alcaraz cada vez mais ao sucesso e enorme aproveitamento das oportunidades que criará com todo arsenal de golpes que possui.

Espero que aproveitem essas dicas e bons treinos em suas transições.

Abraços e até a próxima.

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