Conheça a ti mesmo e vença um Grand Slam

Logicamente que ganhar um torneio Grand Slam não é para qualquer um, mas conhecer-se melhor, tenho certeza que sim. Mas vamos falar de exemplos concretos que estamos presenciando fazendo história e que poderão fazer ainda muita coisa.

No tênis além do trabalho duro em quadra, onde as milhares de repetições se fazem necessárias até que o cérebro registre que é possível e confiável desferir seus golpes com velocidade e precisão, onde a dúvida da mecânica praticamente inexiste, entram fatores como medo, confiança, decisões e muita determinação. Isso em quadra, fora todo o trabalho na parte física, para se ter resistência, força, flexibilidade etc.

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No lado emocional e mental, somente através de experiências repetidas, experienciadas em muitas ocasiões e superadas, é que se pode aprender o caminho para isso. O mais importante é estar atento, estudando esses momentos internamente e observar quais gatilhos são acionados e como isso se exterioriza no jogo. Cada pessoa é um universo totalmente único e o que funciona para determinado indivíduo, não necessariamente será igual para outro.

Tenho observado alguns jogadores que estão no caminho do topo e deixarei os fenômenos do Big 3 por último. Os jogadores mais promissores, com melhores resultados e que mais me chamam atenção na atualidade são:

Alexander Zverev

Despontou aos 17 anos sendo apontado até por Federer, Nadal, DJoko, como o futuro número 1 do mundo a médio prazo. Zverev vestiu a carapuça, colocou um absurdo de pressão e expectativas e não soube lidar com isso até recentemente. Perdia jogos praticamente ganhos e muitas vezes irreconhecível na quadra, parecendo uma síndrome do pânico. Durante um tempo não sabia como sair desse enorme buraco, culminando com a terrível derrota para Thiem, em uma horrível final de US Open ano passado.

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Deve ter sido muito duro após esse jogo, sacudir a poeira, reconhecer que tinha um problema e descobrir como lidar internamente com essa situação. Atualmente vejo um Sascha muito mais resolvido, com melhores jogos, demonstrando bem mais o potencial que tem, mas ainda às vezes inconstante.

Dominic Thiem

Vejo Thiem após chegar em 2 finais de GS perdendo ambas para Nadal, e após a polêmica vitória de seu primeiro GS, num jogo onde praticamente Zverev deu o título de bandeja para ele, duvidar de si mesmo. Não me entendam mal, pois na minha opinião Dominic é um fantástico jogador. Talvez, na cabeça dele, comparando-se a Federer, Nadal, Djoko, esteja borbulhando dúvidas a respeito de si mesmo.

Às vezes a mente cria situações que são mencionadas como depressão ou outra coisa (não estou afirmando nada, apenas uma possibilidade), e na realidade é uma fuga para não enfrentar internamente seus fantasmas. Enxergar de fato seus medos, fantasmas e estudar como achar o caminho para filtrar e transformar internamente, não é tão simples. Torço muito por Thiem, penso que poderá fazer muita coisa ainda.

Stefanos Tsitsipas

Na minha opinião, desses 3 tenistas promissores, Tsitsipas é o jogador que está sabendo melhor trabalhar internamente seus gatilhos. Antigamente perdia jogos ganhos, onde se desestabilizou emocionalmente com facilidade. Stefanos procurava motivos e justificativas externas, inclusive discutindo várias vezes com seu pai. Penso que o Coach Mouratoglou, tem um grande peso nessa transformação bem mais madura de Stefanos.

O grego está percebendo e compreendendo o que está se passando internamente. Vem conseguindo lidar rapidamente com as emoções e conseguindo positivar suas ações com muito mais regularidade e consistência. Entendam que não basta somente entender, tem que manter este estado de equilíbrio por longos períodos, vigiar-se constantemente, percebendo quando as armadilhas interiores aparecem sabendo lidar com as mesmas, ativando os gatilhos internos adequados. Tsitsipas está no caminho desses gigantes que agora irei analisar.

Roger Federer

O mestre dos Magos Roger Federer apareceu no início de sua carreira como um cometa, deixando o mundo estarrecido com a maneira absurdamente fácil com que joga tênis. É um dom dado por Deus a facilidade com que executa as jogadas mais difíceis. No seu auge, quanto mais pressão tivesse, melhor jogava. Penso que ainda tem o recorde de melhor número de performances sob pressão. Ou será que Djokovic já passou Fed nesse quesito também? Rss

Federer passou por vários períodos, foi absoluto por um tempo, era o cara a ser batido. Houve períodos que perdeu-se, até que Stefan Edberg lhe apresentou a primeira saída, mudou de raquete e começou a usar muito mais a habilidade, jogando bem mais a frente e vindo muito mais a rede onde tem a mão de Deus para volear. Depois a segunda saída, a escolha de Ljubicic, melhorando muito seu backhand, complementando ainda mais seu jogo. Penso que Federer conhece muito a si mesmo, é extremamente inteligente em suas escolhas.

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Hoje logicamente, o físico está pesando, a idade um pouco talvez, mas sua vontade de jogar ainda está lá. Um cara que afetou seu mental foi Djokovic que virou uma final de US Open, com Federer sacando 40/15 match points e Nole deu 3 absurdas respostas de saque, quebrando Fed e levando o título. Essa mesma situação aconteceu em 2019 na final de Wimbledon, onde Djoko deu a volta e levou o título do mesmo jeito.

Rafael Nadal

O guerreiro Hilander. O maior competidor de todos os esportes em minha opinião. Forjado a ferro e fogo desde pequeno por seu fantástico tio Toni. Acostumou-se a intensidade constante, situações adversas e manter foco. Uma verdadeira muralha. Um pesadelo para qualquer jogador na noite anterior que terá de enfrentá-lo no dia seguinte.

Por causa de sua intensidade, não perdoa quando o oponente cai de produtividade do outro lado, passando como um trator. Sabe que tem que passar sempre duas bolas a mais do que o outro, tem força, determinação e coragem para lutar todos os pontos até o último.

Sabe que por melhor que seu adversário jogue, têm a capacidade e condições de virar uma situação e alcançar a vitória. Rafa possui uma virtude gigante em perceber o que acontece quando ganha ou perde e sempre vai à luta

Novak Djokovic

Além de ser um jogador fenomenal e super atleta indiscutível, tem o mais forte de tudo: É uma fortaleza mental. Percebe como ninguém os momentos do jogo e o adversário. Certamente as ferramentas ‘Federer’ e ‘Nadal’, ajudaram a forjá-lo. Em muitas ocasiões, Novak fingia que escutava seu nome ao invés de escutar todo o público clamando por Federer e Nadal. Isso certamente o fez mais forte.

Teve uma época interessante onde começou a perder jogos fracos, fez cirurgia, adotou um guru espiritual, teve seus momentos de pesadelo interior. E encontrou-se, voltou mais forte, claramente conhecendo-se muito melhor.

Atualmente, está tendo momentos incríveis e sem dúvida no auge da sua carreira. Consegue virar jogos duros pois sabe que pode e pode muito. Na final de Roland Garros, contra Tsitsipas, consegui perceber algo incrível.

No final do segundo set, onde o grego venceu a parcial, Djoko soltou-se completamente preparando-se para o terceiro set. Muitos acreditavam que ele estava entregando o jogo, mas não estava. Na realidade, acionou seus gatilhos interiores, tirou a pressão dos ombros, montou sua estratégia ofensiva, decidiu e não olhou para trás.

Simplesmente castigou Tsitsipas, assumiu riscos, passou a jogar muito mais dentro da quadra e buscando seus limites com convicção. O resultado de todo o esforço de Nole, em todos esses anos, foi decifrar seus códigos internos. Isso poderá levá-lo a ser o maior detentor de Grand Slams de todos os tempos.

No caso desses jogadores se aplica a máxima:

Conheça a ti mesmo e leve 1, 2, 3……. Grand Slams!

Abraços e até a próxima matéria 😀

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