Hoje senti a necessidade de escrever esse texto, pois penso que talvez auxilie um pouco os amigos tenistas que buscam evolução em seu jogo. Como sempre, meus queridos alunos são uma fonte inesgotável de inspiração e material para constantes matérias. Em diversas ocasiões surgem insights que aguçam minhas observações e me auxiliam a achar soluções para a evolução dos jogadores.
O tênis, por ser um esporte tão complexo, engloba inúmeros fatores que podemos observar no decorrer do aprendizado. Para mim, nosso fantástico esporte espelha muito a vida e passa um inquestionável Raio-X de como é a personalidade do praticante. Sempre comento que o tênis não mente e brinco que é só assistir uma pessoa jogar por 5 minutos que consigo descrevê-la.
A prática e o treino do tênis abrangem não somente aspectos técnicos (mecânica, movimentação, coordenação), como principalmente a parte mental e emocional. Logicamente quando uma pessoa começa do zero e aprende a mecânica correta a evolução é um pouco mais fácil. Observem que escrevi um pouco mais fácil e não mais simples, rsssss.

Mas sem dúvida o praticante depende da sorte de cair no início com um bom professor.
A situação mais normal, uma das situações que acontecem muito comigo, são alunos que jogam a algum tempo, não sentem evolução e me procuram. Muitos vêm com a famosa história que burro velho não aprende e sentem que estão fadados a estagnação em seu jogo.
Não acredito nesse papo e já provei inúmeras vezes que quando um jogador se dispõe a evoluir e realmente se determina para tal, consegue. É muito cômodo falar que não tem jeito, não tem talento, não consegue. PAPO FURADO.
O problema reside na entrega, em fazer o que tem de ser feito. É preciso esvaziar o copo para novos aprendizados e, sem cobranças, dar o tempo necessário para o novo entrar. Cada um tem seu tempo de absorver e colocar em prática o que se aprende. O tênis é uma constante auto-observação, é voltar-se para dentro e saber o que precisa ser alterado junto com a técnica.
O novo movimento terá que prevalecer sobre o antigo. Isso implica em alteração do reflexo do que estava sendo realizado e reflexos não se alteram da noite para o dia. Leva tempo, muita repetição, adaptação a um novo hábito.
O que dificulta é o aluno que pensa que entendeu e pensa que conseguirá fazer imediatamente o proposto. A triste notícia é que isso simplesmente não acontece assim. Quanto maior a própria cobrança, falta de resiliência e ansiedade, mais distante fica o objetivo a ser alcançado.
O relaxamento, a aceitação, a decisão de mudar e não olhar para trás, o tentar praticar independentemente do resultado durante o tempo que se está aprendendo, mesmo em jogos de torneio, é imprescindível para a correção mais rápida.
Treinar uma coisa e depois no jogo não fazer o proposto é andar de marcha ré. Não conseguira fazer o novo e o velho irá ficar ainda pior. Mas se tentar constantemente fazer o novo tanto em treinos como em jogos, certamente a correção acontecerá. Lógico que o jogador irá errar durante um tempo o golpe que está sendo corrigido, mas uma vez que consiga acertar um par de vezes, em situação principalmente de pressão, no caso de um torneio, certamente fará com que queira repetir o feito e ganhar confiança.
Nessa passagem a consciência de saber que irá errar, sem cobranças excessivas, procurar relaxar sempre observando o que deve ser feito, facilitará muito e o movimento novo aparecerá certamente.
Sejam suaves consigo mesmos no aprendizado e tudo acontecerá de forma mais fácil.
Desejo ótimos treinos e jogos para todos.
Até a próxima.